9.11.07

Não tenhas medo.


Anda cá, palerma, não chores. Eu abraço-te, vá.... Hmmmmmm... Mais força, anda lá, aperta! Onde estão esses músculos? Estás a rir-te de quê, minha tola? Aiiii... Então ainda agora choravas!! Pronto... estava a brincar. Chora, minha linda, chora à vontade. Deixa sair. Eu estou aqui, sabes que não saio daqui até o teu sorriso voltar. Até te sair do corpo o mal que te fizeram. Chora mais. És bonita quando choras. Porque choras só quando precisas muito. (Não oiço o que dizes. Não percebo o que dizes. Mas faz sentido.) Eu sei, foram maus. Magoaram-te sem tu estares à espera. Fizeram-te acreditar, esperaram que despisses a armadura e feriram-te de morte quando, nua te entregavas. Sim, não merecem que estejas assim, mas desabafa tudo agora. Eu sei, o mundo é mau, não está preparado para gente como tu. Tu dás muito, dás demais. Isso assusta, sabias? Não, não sejas tonta, eu não disse que a culpa é tua. És uma utópica, hás-de sê-lo sempre, não aprenderás nunca. Acreditas em amores assolapados, sinceros, sem teatros e sem paredes. Isso não existe, minha querida, tens de ser actriz, tens de entrar no jogo da sedução, do gato e do rato. Não penses em companheiros para sempre, não penses na conjunção do teu melhor amigo com o teu amante. Isso não existe, linda. “O amor é uma coisa, a vida é outra”, lembras-te? É aquele texto do MEC que descobriste há uns meses atrás e não te cansavas de repetir. (Tenho-o relido muito ultimamente) Tu escolhes o amor e o resto do mundo escolhe a vida, é só isso. Não, não tens culpa, eles também não. São pobres emocionalmente, não estão preparados para ti. Nem para a ostentação do teu amor. É bom ver-te amar. Mas assusta a dimensão com que o fazes. Foi só isso.

Chora, chora tudo agora. Até te doerem os abdominais, até te arder o peito, até te estalar a cabeça.

Não tenhas medo, o sorriso vai voltar.



Ana Andrade

2 comentários:

AnAndrade disse...

:)
(sintonias...)

Sempre tua.

AnAndrade disse...

(e, deixa-me acrescentar: o sorriso voltou, sim. E apagou-se e voltou a iluminar-se e esmoreceu e regressou e...)

Sempre tua.