23.8.07

justify my love



I wanna kiss you in Paris.
I wanna hold your hand in Rome.
I wanna run naked in a rainstorm.

Make love in a train cross-country.
You put this in me... So now what, so now what?

|Wanting, needing, waiting _For you to justify my love.|

|Hoping, praying _For you to justify my love.|

I want to know you... Not like that...
I don't wanna be your mother.
I don't wanna be your sister either.
I just wanna be your lover.
I wanna be your baby.
Kiss me, that's right, kiss me.


|Yearning, burning _For you to justify my love.|

What are you gonna do? What are you gonna do?
Talk to me ____tell me your dreams.
Am I in them?

Tell me your fears ____Are you scared?

Tell me your stories.
I'm not afraid of who you are

We can fly!

_Poor is the man Whose pleasures depend On the permission of another_*

Love me, that's right, love me _I wanna be your baby...

I'm open and ready _For you to justify my love. To justify my love...

|Wanting, to justify. Waiting, to justify my love. Praying, to justify...
To justify my love.
I'm open, to justify my love.|


Madonna




...Oh Summer! Sweet Summer...




_'Poor is the man whose pleasures depend on the permission of another.'_ ;)

18.8.07

Elogio da Loucura



Digam de mim o que quiserem (pois não ignoro como a Loucura é difamada todos os dias, mesmo pelos que são os mais loucos), sou eu, no entanto, somente eu, por minhas influências divinas, que espalho a alegria sobre os deuses e sobre os homens.

Não nasci nem do Caos, nem dos Infernos; não devo a luz nem a Saturno, nem a Jápeto ou a alguma outra dessas velhas divindades sem valor. Pluto foi meu pai, esse Pluto que, não obstante Homero, Hesíodo e mesmo o grande Júpiter, é o pai dos deuses e dos homens; esse Pluto que, hoje como outrora, desarruma à vontade e põe de pernas para o ar as coisas profanas e sagradas: esse Pluto que conduz a seu capricho a guerra, a paz, os impérios, os conselhos, os tratados, as alianças, as leis, as artes, o que é sério, o que é divertido, (…).

Meu pai não me concebeu em seu cérebro, como Júpiter concebeu outrora a grosseira e mal-humorada Minerva; mas deu-me por mãe Neotetes, a Juventude, a mais bonita, a mais alegre, a mais folgazã de todas as ninfas. (…); nasci, como diz o bom Homero, em meio aos transportes deliciosos do amor.

(…); nasci nas ilhas Afortunadas, lugar encantador onde a terra, sem ser cultivada, produz sozinha os mais ricos presentes. (…)

Nascida nessa terra de encantos, meu nascimento não foi anunciado por meu choro; assim que vim ao mundo, viram-me sorrir graciosamente para minha mãe. Seria um grande erro eu invejar a Júpiter a felicidade de ter sido aleitado por uma cabra, pois as duas ninfas mais graciosas do mundo, Mete, a Embriaguez, filha de Baco, e Apédia, a Ignorância, filha de Pã, foram minhas amas-de-leite.

(…)

Ó céus! Acaso há homens mais felizes na terra que os comummente chamados de loucos, insensatos, bobos e imbecis? (…) Em primeiro lugar eles não temem de modo nenhum a morte, o que, certamente, não é uma pequena vantagem. Não conhecem nem os remorsos que as histórias dos infernos inspiram aos outros homens, nem os pavores que os espectros e almas do outro mundo lhes causam. (…) Não conhecem vergonha, nem temor, nem ambição, nem ciúme, nem ternura.

(…)

Entre os louvores feitos a Baco, o mais glorioso, certamente, é que ele dissipa as preocupações, as inquietações e os sofrimentos. Mas não por muito tempo: passada a bebedeira, o bêbado retorna aos desgostos de sempre. Não é a felicidade que proporciono aos homens bem mais completa e mais doce? Mergulho-os numa embriaguez contínua, a alma deles nada incessantemente num mar de prazeres e de delícias, e tudo sem lhes custar nada.

Mais generosa que outros deuses, que espalham seus dons apenas sobre alguns mortais, não aceito que um único homem seja privado de meus benefícios. Não é em toda a parte que Baco faz produzir essa bebida agradável que inspira a coragem, dissipa os desgostos e enche os corações de esperança e de alegria; Vénus raramente concede o dom da beleza; Mercúrio, mais raramente ainda, o da eloquência; as riquezas caem apenas sobre alguns amigos de Hércules; as coroas, sobre alguns favoritos de Júpiter; Marte ouve, às vezes, as súplicas dos dois exércitos inimigos, sem atender nem uns nem outros; Apolo consterna com frequência, por suas respostas, os que vêm consultar seus oráculos; (…)

Somente eu, essa Loucura que estais vendo, é que dou a todos os homens os bens que os deuses só distribuem a alguns de seus favoritos. E para isso não exijo nem preces nem oferendas; (…)

Os poetas não me devem tanta obrigação: sua condição mesma lhes dá um direito natural a meus dons. Eles constituem, como sabeis, uma nação livre, ocupada a todo o instante em adular os ouvidos dos loucos com frivolidades e histórias ridículas. E não precisam mais do que isso para se julgarem no direito de aspirar à imortalidade e mesmo de prometê-la aos outros. O amor-próprio e a adulação têm por eles uma amizade muito especial, e ninguém na terra me presta um culto mais puro e mais constante.

(…)

Todos esses pretensos sábios, que vejo rir com tanto gosto de todas essas coisas e que se comprazem tanto em zombar da loucura dos outros, acaso acreditam não me deverem nenhuma obrigação? Eles me devem muitas e grandes, asseguro-vos, e, se ousassem negá-lo, seriam os mais ingratos de todos os homens.

(…)

Mas, a propósito, esqueço que vos prometi terminar. De resto, se achais que tagarelei demais, ou se deixei escapar alguma extravagância um pouco forte, lembrai-vos, peço-vos, que é a Loucura, que é uma mulher que acaba de vos falar. Mas lembrai-vos também deste provérbio grego: um louco diz às vezes coisas boas – a menos que penseis que as mulheres sejam uma excepção a essa regra geral.

Os gregos diziam outrora: Odeio um conviva que tenha memória boa demais; eu vos digo agora: Odeio um ouvinte que se lembre de tudo. Adeus, pois, ilustres e caros amigos da Loucura, aplaudi-me, passai bem e diverti-vos.

Erasmo Desidério, Elogio da Loucura




_ «‘É uma infelicidade ser louco, viver no erro e na ignorância’. - Mas isso é ser homem, meus amigos!»

10.8.07

Pecado é




Falados os segredos calam
E as ondas devoram l é g u a s
Vou lhe botar num altar
Na certeza de não apressar o mundo
Não vou divulgar
|Só do meu coração para o seu|

Pecado é lhe deixar de molho
E isso lhe deixa louco
_Não, eu não vou me zangar
Eu não vou lhe xingar
Lhe mandar embora
Eu vou me curvar
Ao tamanho desse amor _Só o amor sabe os seus

Não, eu não vou me vingar
Se você fez questão
De vagar o mundo
Não vou descuidar
Vou lembrar como é Bom

E ao amor me render.


Tribalistas _Pecado é lhe deixar de molho

9.8.07

gorecki


If I should die this very moment
I wouldn't fear
for I've never known completeness
like being here
wrapped in the warmth of you
loving every breath of you
still my heart this moment
oh it might burst

could we stay right here
till the end of time until the earth stops turning
wanna love you until the seas run dry
I've found the one I've waited for

all this time I've loved you
and never known your face
all this time I've missed you
and searched this human race
here is true peace
here my heart knows calm
safe in your soul
bathed in your sighs
wanna stay right here
till the end of time
till the earth stops turning
gonna love you until the seas run dry
I've found the one I've waited for

the one I've waited for

all I've known
all I've done
all I've felt was leading to this
all I've known
all I've done
all I've felt was leading to this

wanna stay right here
till the end of time till the earth stops turning
gonna love you till the seas run dry
I've found the one I've waited for

the one I've waited for
the one I've waited for

wanna stay right here
till the end of time 'till the earth stops turning
gonna love you till the seas run dry
I've found the one I've waited for

the one I've waited for
the one I've waited for




Lamb _Gorecki

8.8.07

I Am Vertical




But I would rather be horizontal.
I am not a tree with my root in the soil
Sucking up minerals and motherly love
So that each March I may gleam into leaf,
Nor am I the beauty of a garden bed
Attracting my share of Ahs and spectacularly painted,
Unknowing I must soon unpetal.
Compared with me, a tree is immortal
And a flower-head not tall, but more startling,
And I want the one's longevity and the other's daring.

Tonight, in the infinitesimallight of the stars,
The trees and the flowers have been strewing their cool odors.
I walk among them, but none of them are noticing.
Sometimes I think that when I am sleeping
I must most perfectly resemble them--
Thoughts gone dim.
It is more natural to me, lying down.
Then the sky and I are in open conversation,
And I shall be useful when I lie down finally:
Then the trees may touch me for once, and the flowers have time for me.


Sylvia Plath

6.8.07

água_eu



... Despeste e mergulhas,
nadas por baixo da água e depois vens respirar acima
e mergulhas de novo.
Vi o teu corpo nu
acariciar e ser acariciado pela água.

imaginei que a água era eu. ...


pagan poetry



Pedalling through
The dark currents
I find
An accurate copy
A blueprint
Of the p l e a s u r e
In me

Swirling black lilies totally ripe
A secret code carved
Swirling black lilies totally ripe
A secret code carved

He offers
A handshake
Crooked
Five fingers
They form a pattern
Yet to be matched

On the surface simplicity
But the darkest pit in me
It's pagan poetry
Pagan poetry

Morsecoding signals |signals|
They pulsate |wake me up| and wake me up
|p u l s a t e| from my hibernate

On the surface simplicity
Swirling black lilies totally ripe
But the darkest pit in me
It's pagan poetry
Swirling black lilies totally ripe
Pagan poetry

Swirling black lilies totally ripe
....

I love him, I love him
I love him, I love him
I love him, I love him
I love him, I love him
|She loves him, she loves him|

This time
|She loves him, she loves him|
I'm gonna keep it to myself
|She loves him, she loves him
She loves him, she loves him|
This time
I'm gonna keep me all to myself
|She loves him, she loves him|
And he makes me want to hand myself over
|She loves him, she loves him
She loves him, she loves him|
And he makes me want to hand myself over


Björk

5.8.07

cinzas.



São horas. Fechas a porta. Deixas atrás o teu coração cheio e o nosso quarto vazio. Antes de abrires a porta do carro, levas o rosto ao espelho retrovisor, na esperança que ao menos ele te lembre que ainda existes.

Tens os olhos rasos de vida, minha pequenina.

Sentaste no banco do carro que sempre e tanto quisemos comprar.

Levas a chave á ignição e reparas na carica de cerveja que me levou a conhecer-te e depois a amar-te e depois a amar-me por te conhecer e amar.

Choras.

Apertas a carica até ela te magoar, mas não magoa, consegues apenas sangrar-te um pouco.

Pões o carro a trabalhar. Olhas, pela ultima vez queres pensar tu, para o apartamento que foi também nosso jardim, nossa quinta, nossa concha, nosso hotel, nosso universo. Dizes-lhe adeus. Soletras a palavra como se fosse a primeira vez que dizes adeus a alguma coisa. Choras mais um bocadinho. Aproveitas as lágrimas que te restam.

Olhas para o espelho e vês-te horrível, borratada, descabelada e gorda. Escutas-me a voz e nela o que te dizia quando te apanhava a chorar em frente ao espelho.

(Só a minha imagem me conforta. Sempre gostaste de ver tudo de ti. De ver-te nas coisas, nas emoções, nas relações. Quando não tinhas um espelho por perto, saías de ti e entravas na primeira coisa que se ligasse a ti. Este exercício, a que chamavas de auto-empatia, deixava-te de rastos. Sugava-te, porque de cada vez que te viravas para ti mesma tudo o resto ganhava mais distância. E ainda hoje sabes pouco do que és quando olhas o mar, ou quando tropeças no passeio, ou sentes aquele cheirinho a pão, ou quando fazes amor.)

Com o carro a trabalhar, tentas fazer o teu exercício mas agora em nada te consegues entranhar para te poderes ver. Nada te reflecte. Em nada te podes ver vista.

Já não choras. Tens os olhos vermelhos de parir tantas lágrimas.

De mãos no volante, olhas para nada. De tão pesada que tens a alma, os teus sentidos afogaram-se.

Ligas o rádio e, porque não queres tropeçar sobre nenhuma música que eu e tu já escutámos, escolhes as notícias. Mas as notícias do mundo não te afastam um milímetro de mim e de ti.

Enfureceste por já não teres lágrimas e depois por já não me teres a mim. Irritaste porque a culpa é minha de tudo. É.

Arrancas com o carro, furiosa. Voas. Decides finalmente levar-me para longe de tudo e, sobre-tudo, de ti.

Casas. Arvores. Lixo. Casas. Terra. Carros. Pessoas. Bichos. Casas. Arvores. Mas de nada disso te dás conta agora, porque pensas em mim e decides libertar-te de mim. Finalmente.

E lá vais tu olhando para os espelhos do carro, das montras, dos cruzamentos. (Sim, existes.)

Depois, como te pedi, retiras a capota do nosso lindo carro (tens tanta sorte em estarmos em Junho) soltas o teu cabelo cor de avelã que ainda tem restos dos meus beijos e colocas aquela minha música. «...let the show begin...» Alto. Mais alto. Muito alto. Vais passar por maluquinha, miúda.

Repeat. Repeat.

Chegas ao mar. O mar…

Entras no caminho de terra vermelha e segues até ao lugar que foi nosso ninho tantas vezes. Do coração chega-te a memória da noite em que amolgámos o capon do carro do meu pai enquanto estávamos na marmelada. Sorris e sacas mais um par de lágrimas aos teus olhos esgotados.

Repeat. «...But it's all just a show A time for us and the words we'll never know And daylight comes and fades with the tide...» Repeat.

Páras o carro. Lá ao fundo o sol acasala com o mar e inspiras bem fundo o cheiro de todo aquele cio de luz e água.

Exausta, consegues abrir as asas e partir em direcção àquele acasalamento divino. Reparas que saíste de ti. Finalmente. Vês-te á beira daquele precipício. Vês-te feia, desesperada, ao lado de um carro. Sorris outra vez e chamas-te estúpida e outros nomes. Ris-te enquanto á tua frente flutuam imagens em cores vivas que evocam instantes e do que foste, neles, aprendendo de ti.

Depois lembras-te de mim e regressas, apressada, ao meu encontro.

«...And daylight comes and fades with the tide _I'm here to stay.»

São horas.

Abres a porta do teu carro.

Estendes a tua mão quente e confias, de olhos fechados de nós, as minhas cinzas ao horizonte.




3.8.07

Art - Bitch




My art is called egocentric
or maybe it's just narcisism
my one and only subject goes
from something like anything but me _ism!

wouldn't it be easier for Beardsley
he could drop the paintings and photograph his penis!
or take pics of the chicks yeah, _you know what i mean.
wouldn't it be easier for Escher
he could drop the marh and make it happen on his matress
2 girls and a cam
3 girls and a cam
put a dog there and you got polaroid scam

I ain't no art-ist
I am an art-bitch
I sell my paintings to the men I eat
I have no port-fo-lee-o cuz I only show where there's free al-co-hol

I am so hard_core
I sell my crap and people ask for more!
call me re-vo-lu-tionaire
I poo on a plate and get it published on Visionaire what i do,
it's called art-shit and don't you dare make fun of me
cuz everything i do was featured on the pages of ID

I ain't no art-ist _ I am an art-bitch
I sell my paintings to the men I eat
I have no port-fo-lee-o
cuz I only show where there's free al-co-hol

I ain't no art-ist
I am an art-bitch
I sell my paintings to the men I eat
I have no port-fo-lee-o
cuz I only show where there's free al-co-hol


lick lick lick my art-tit

suck suck suck my art-hole


I ain't no art-ist
I am an art-bitch
I sell my paintings to the men I eat
I have no port-fo-lee-o cuz I only show where there's free al-co-hol.


2.8.07

amor de carne.


"Disseste-me que, no Amor,
se trata apenas de carne.
Minha pequenina, fugias a correr se um homem te confessasse que só queria a tua carne. E compreenderias o que é a sensação atroz da solidão."


Milan Kundera,
A Ignorância