31.7.07

|Soon this space will be too small.|


Hoje não me canso de escutar esta música. Naufrago nela. Escuto’a dentro. Por dentro. Cada nota. Cada palavra. A voz da Lhasa tem mãos e garras e abismos. _Esquematizo uma Libertação._ Penso num homem (?) que parte hoje para Africa porque o seu espaço se tornou pequeno.

|… Then I’ll die three times
And be born again
In a little box
With a golden key
And a flying fish
Will set me free …|

Escrevo para o homem a caminho de África. Para a Lhasa. Para mim e para os meus que deixei no/a caminho dos espaços que se tornaram demasiado pequenos para alguém.

Penso no que a vida me dá e no que não sei se me deve. Penso que expludo. Que me transformo em peixe voador e depois cinzas. Penso nas minhas mortes de todos os dias _ partidas, adeus, despedidas, desprendimentos, renúncias e suas respectivas bandas-sonoras.

Penso que me derreto.

Penso nas coisas que quero fazer a olhar de frente e nas outras que me irão surpreender pelas costas. Penso em agradecer por isso. |agradeço muito, eu.| Penso em rir’me de mim e com aqueles que me fazem cócegas na Vida. Penso e o meu espaço estreita-se, agora.

|too smal!|

Penso em bagagens e asas e incertezas e vertigens _e lágrimas, porque não? Penso que a vida continua a mesma aqui à minha volta.

E cá estou eu a morrer e a renascer _outra vez. Diferentemente, outra vez.

Penso no César. Na Vera-do-Meu-Coração. Na MãeTina. Nas Manas-Luz. Na minha princesa Bia e no meu mais recente príncipe Gui. Penso no Daniel, na Bita, no Mário, na Ana, no André, na Jaulas, na Andreia, na La Isla, no Luís e os outros dessa viagem. Penso na Team CF. Penso na Tribo-da-terra. Penso nos tantos que me ficaram dos espaços dos dias.

Ah, os dias! |…|

E assim vou tatuando braços à volta dos meus.

E assim vou levando sorrisos _como bandeiras_ às regiões mais remotas e frias do meu coração.

E assim vou colocando palavras sobre a mesa redonda e modesta do meu coração, que sirvo, com algum aprumo, aos espaços da minha vida.

|… And my dust will tell
what my flesh would not.

Soon this space will be too small _And I’ll go outside. |

And i’ll go outside.

tori tori tori _uma minha voz.


Master shaman,
i have come
With my dolly from the shadow side
With a demon and an englishman

I'm my mother
I'm my son
Nobody else is slipping the blade in easy
Nobody else is slipping the blade in the marmalade

All the angels all the wizards, black and white
Are lighting candles in our hands
Can you feel them, yes, touching hands before our eyes
And i can even see sweet marianne

Sister Janet you have come
From the woman clothed with the sun
Your veil is quietly becoming none
Call the wanderer _he has gone

And all those up there are making it look so easy
With your perfect wings
A wing can cover all sorts of things

This again
Well i think i could try this once again

And all the angels and all the wizards, black and white
Are lighting candles in our hands
Can you feel them, yes, touching hands before our eyes
And i can even see sweet marianne.



Sister Janet _Tori Amos



30.7.07

if you knew



If you knew how I missed you
You would not stay away today
Don't you know how i love you?
Stay here my dear with me.

I can't go on without you
Your love is all I'm living for
I love all things about you
Your heart your soul my love

I need you here beside me
Forever and a day _a day
I know whatever betides me

I love you I love you

I do




Nina Simone



24.7.07

Até ao fim.



















Mas é assim o poema:

construído devagar, palavra a palavra,
e mesmo verso a verso,
ate ao fim.

O que não sei é como acabá-lo;
ou, até, se o poema quer acabar.

Então, peco-te ajuda:
Puxo o teu corpo para o meio dele,
deito-o na cama da estrofe,
dispo-o de frases e de adjectivos
até te ver,

tu, o mais nu dos pronomes.



Ficamos assim.
Para trás, palavras e versos,
e tudo o que não é preciso dizer:

eu e tu

chamando o amor para que o poema

acabe.



Nuno Judíce


| imagem _ Armanda Passos |

23.7.07

Father Lucifer.



Father Lucifer, you never looked so sane...

You always did prefer the drizzle to the rain.
Tell me that you're still in love with that milkmaid...
How's the Lizzies? How's your Jesus Christ been hanging?

| Nothing's gonna stop me from floating...

Nothing's gonna stop me from floating... |

He says he reckons. I'm a watercolor stain
He says I run and then I run from him
And then I run...
He didn't see me watching from the aeroplane.
He wiped a tear and then he threw away our appleseed...

Nothing's gonna stop me from floating...
Nothing's gonna stop me from floating...


Everyday's my wedding day...

Though baby's still in his comatose state.
I'll dye my own Easter eggs... Don't go yet.
And Beenie lost the sunset but that's OK.
Does Joe bring flowers to Marilyn's grave?
And girls that eat pizza and never gain weight?

Father Lucifer you never looked so sane...
You always did prefer to the drizzle to the rain.
Tell me that you're still in love with that milkmaid...
How's the Lizzies How's your Jesus Christ been hanging?

Tori Amos

19.7.07

you



"(i do not know what it is about you that closes

and opens;
only something in me understands
the voice of your eyes is deeper than all roses)

nobody, not even the rain, has such small hands"




E.E.Cummings

13.7.07

erotica

o







_Give it up _do as I say.

Give it up and let me have_my_way.

I'll give you love _I'll hit you like a truck

I'll give you L.O.V.E, I'll teach you how to ___ mmmmmmmm

| If you're afraid well,
rise above. _ I only hurt the ones I love. |

Madonna _Erotica |1992|

_ Não aprecio muito a senhora 'Mandona', mas que esta é umas das musicas mais hot-hot-HOT que já ouvi até hoje, lá isso é. Upa. upa.

tOMEM Lá _ amusez vous e instruam'se : Songe d'une Nuit d'Ête


Dá vontade de fazer marotices, não dá?? ...


| There's a certain satisfaction In a little bit of pain|

_ Eroti - ca ;)

5.7.07

O importante.



O mais importante na vida
É ser-se criador - é criar Beleza.

Para isso,
É necessário pressenti-la
Aonde os nossos olhos não a virem.

Eu creio que sonhar o impossível
É como que ouvir a voz de alguma coisa
Que pede existência e que nos chama de longe.

Sim, o mais importante na vida
É ser-se criador.

E para o impossível
Só devemos caminhar de olhos fechados
Como a fé e como o amor.


António Botto

4.7.07

flores.


Enchi-me de coragem e entrei.

Era a primeira vez que entrava numa florista. (As coisas que agora eu faço por ti.)

Sempre te colhi tantas flores… e agora, uma mancha negra instalada no teu cérebro obriga-me ao abandono dos costumes. Obriga-me a procurar a novidade e a raridade. Força-me ao sufoco e urgência da surpresa e brilhantismo – ingredientes necessários a qualquer redenção. É o início do derradeiro sprint. Da tua viagem sem regresso. E cá vou eu, em busca de todas as coisas que, supostamente, tornarão mais bela a tua partida (supostamente).

A loja era pequenina. Tinha flores nas paredes, nos cantos, a nascer do tecto. Sobre um pequeno balcão de madeira enegrecida ou pela força da estética ou do tempo, crescia uma caixa registradora com pequenos vasos de plantas anãs, verdes e castanhas. Um Éden privado, com cheiro a baunilha – e não sei porquê baunilha. Não havia mais ninguém.

Comecei, como um profissional, a examinar aquele jardim, apesar do meu quase incontrolável impulso de me roçar, cheirar e libertar do cativeiro todas aquelas cores. Mas não me atrevi a aproximar demais. A senhora ao balcão, enquanto mexia na caixa registradora com vasinhos, olhou para mim e sorriu, condescendente. Com aquele sorriso de quem se acostumou a ser para os homens que vão a floristas uma espécie de fada-madrinha, deixou-me à espera das suas palavras.

«Precisa de uma ajudinha? Olhe que as felizardas, hoje em dia, estão cada vez mais exigentes!»

Eu sorri-lhe de volta, com embaraço nos gestos e a tua imagem de moribundo no coração. Sempre foste um felizardo e um exigente. Apaixonei-me por ti exactamente por isso, por seres capaz de ser feliz e exigente ao mesmo tempo, eu, que nunca pensei que tal fosse possível, mesmo agora, que esse maldito vulcão se agita dentro da tua cabeça e me faz t(r)emer que, sem dar conta, expludas.

«Se é para um amor, já sabe: rosas vermelhas!» E terminou a revelação citando a tal Isabel que foi santa por ter queda para milagres e jeito para pobres.

Quantas flores te ofereci? De todas as cores e formas e cheiros. Uma vez até tive coragem de te colher uma orquídea – a minha flor perfeita – que sacrifiquei para que tu perdoasses a minha cobardia, o meu modo de te abraçar e beijar e olhar como quem atravessa uma estrada _olhando sempre, e primeiro, para os lados.

«Se for só para uma amiga, temos…» e vi-me outra vez contigo, naquela tenda de campismo, em Mil Fontes. «Não penses que me vou contentar com isso. Eu quero ser feliz.» Foi assim que te comecei a amar, envergonhado, arrebatado pelas tuas mãos que, não satisfeitas com as minhas, me tomaram o corpo inteiro e a alma toda, deixando-me sem pé, sem abrigo, do lado de fora de mim mesmo. Meu feliz e exigente amor!

Depois desse dia passámos, como contam as histórias dos livros, a ser só um. Arranjei desculpas para que me deixasses entrar, com a tua licença, na tua vida, na tua cama, na tua cabeça – como eu percebo essa maldita mancha. Também eu me apaixonei por esse lugar de onde nasciam as palavras que me incendiavam. Também eu desejei invadir-te, desconstruir essa rede de neurónios onde se prendiam, como moscas numa teia, todos os mistérios do universo e a toda a lógica necessária para o decifrar. Mas sem te magoar. Sem te sugar a vida, é claro.

«… E então? Já se decidiu?». Agradeci à fada-madrinha das flores e saí com um par de lágrimas a rebentarem-me nos olhos.

Estas à minha espera. As tuas únicas visitas sou eu e a minha devoção. Perdeste tudo o resto quando me ganhaste e fizeste questão em me mostrar, orgulhoso, a toda a gente. Preteriste o teu pai e a sociedade lucrativa na sua empresa. Abandonaste o futuro feliz que a tua mãe bordou nas toalhas para o teu enxoval. Bateste nos teus amigos quando soubeste que me tinham batido por causa do que eu fiz ao teu sossego, à tua carreira, à reputação da tua família, à tua herança, ao teu futuro perfeito.

Conduzo sôfrego, como se tivesse que atravessar o mundo todo para chegar a ti. Acelero porque a qualquer momento aquele quarto de hospital pode desabar sobre o teu peito e tirar-me o direito de me aninhar sobre ele uma última vez. Vou sem flores e sem esperança. Vou sem querer regressar e deixar-te para trás.

Já só olhas para mim porque te esforças. Olhas-me sem instinto. Quem me olha agora é essa invasora que tomou, traiçoeiramente, o epicentro do teu corpo e anexou todos os outros lugares da tua pele. Mas eu sei que ainda és tu, meu amor, nessa sombra. Alguma parte de ti escapou a essa negra ditadora que te condena à morte.

Dou-te uma orquídea. Mil. Biliões, para te pedir, mais uma vez, perdão. Para te implorar que não sucumbas ou que, pelo menos, me leves contigo. Porque agora sou só. Desesperado. Triste. Como era antes da tua aparição. Nenhuma flor tem o teu cheiro.

«Precisa de uma ajudinha? Olhe que as felizardas, hoje em dia, estão cada vez mais exigentes!»

Conto-te o meu episódio na florista. Falo-te da fada-madrinha e da sua caixa de dinheiro e vasos, e da sua infinita e floral sabedoria. Conto-te como se te descrevesse um qualquer pequeno acidente doméstico mas tu, que sempre me leste em todas as entrelinhas, sorris e olhas-me com pena.

Pego na Bic e no bloco de folhas que te deixei na mesa-de-cabeceira, para o caso de decidires deixar-me, escritas, as tuas ultimas palavras, e em silêncio, com a minha mão a segurar a tua, começamos, a desenhar uma flor, daquelas que qualquer criança é capaz.

Acabo. E tu, sozinho, colocas primeiro dois pontinhos e depois uma linha curva no centro redondo da nossa flor e dizes: «Tem que estar feliz!». E enquanto eu choro, o que resta de ti toma as rédeas da tua mão e vai aperfeiçoando a nossa obra com sombras, padrões e realidade.

Assim ficas. Continuas a desenhar-me flores, mas agora sem pressa, apenas com vocação.

Enquanto aguardo o nosso reencontro, tenho, sobre a mesa-de-cabeceira, a mais feliz, perfeita e bela flor que alguma vez vi. A minha herança. O teu testemunho. A nossa metamorfose. A única coisa que hoje me fala de ti, do que sempre foste e do que fizeste da minha vida.


José Laura Saavedra



c


"Quero fazer contigo
o que a Primavera faz com as cerejeiras."






Pablo Neruda

TUeu













|22FEV2007|


Este foi o nosso último abraço. E quando,
daqui a nada, deixares o chão desta casa
encostarei amorosamente os lábios ao teu copo
para sentir o sabor desse beijo que hoje não
daremos. E então, sim, poderei também eu
partir, sabendo que, afinal, o que tive da vida
foi mais, muito mais, do que mereci.


Maria do Rosário Pedreira

3.7.07

Dona Cecília.


Dona Cecília vive a três palmos de calçada do mundo. Numa casinha branca que só poderia ser branca, cheia de naprons que fez das horas, santinhos que vieram de Fátima e caixas de remédios para regrar o corpo.

Dona Cecília tem 70, 90, 150 anos de uma vida que lhe curvou as costas e agora a obriga a olhar para tudo o que pisa.

Dona Cecília tem um gato cinzento que não gosta de ter mas que adoptou para provar aos filhos que ainda sabe cuidar de si, de alguém, de coisas e gatos. Acabou por se afeiçoar ao bicho e até dar-lhe atum e salsichas de vez em quando.

Dona Cecília não tem um futuro a perder de vista, mas tem um passado arquivado nas rugas e uma cruz do Senhor sobre a cabeceira da cama para que nunca se esqueça de dar graças por tudo, apesar de tudo.

Dona Cecília é uma senhora. Foi menina durante pouco tempo.

O pai emigrado na França e a mãe com quatro filhos mais novos para criar, tiraram Menina Cecília da escola e puseram-na a servir famílias abastadas lá da terra. «Desde os doze anos!», anuncia Dona Cecília, quando a descompõem os horários e hábitos mimados dos seus queridos netos.

Dona Cecília foi boa menina Cecília. Arranjou tempo para o ser, entre as tarefas da casa e do campo, os irmãos, as refeições de pão com azeite, as cozinhas e as casas-de-banho das boas famílias e a catequese.

Dona Cecília, que com urgência, muito evoca a menina, não diz palavrões nem mal dos outros, não perde uma missa e só não separa o lixo porque já vê mal as cores.

Dona Cecília sente-se sábia e emancipada após 67, 93 ou 132 anos de vida. Já aceita o homem na lua, as ordinarices das novelas, as vídeo chamadas, os iogurtes líquidos e até a falta de fé dos seus netos no seu Senhor.

Dona Cecília aprendeu o que é o tempo e o que o tempo faz apesar de ninguém querer saber o que os seus olhos vêm para lá das cataratas.

Dona Cecília sabe que agora já só desce degraus e os sermões do padre nunca a atemorizam porque se deita sempre com um sorriso a pender-lhe do rosto, depois de sacudir da sua colcha de cama os pêlos do raio do gato.

Dona Cecília colecciona fantasmas. Desde as suas avós, os seus pais, irmãos, tios, primos, compadres até ao seu marido.

Dona Cecília lembra-se muitas vezes do seu falecido companheiro de 48, 56 ou 1000 anos de vida. Sente-lhe a falta à lareira, à mesa, antes de trancar a porta de casa. Sente-lhe o cheiro no lado da cama onde ele dormia. Sente-lhe a força e o desapego no filho mais velho que é viaja num camião pelo mundo, o coração boémio no do meio que está bem na vida porque a fez na Suíça e a beleza na sua mais nova que é professora.

Dona Cecília sempre foi boa esposa, desde o primeiro dia de um casamento arranjado. É que um dia, num baile da terra, a Menina Cecília de 13, 14 ou 15 anos de vida, dançou com um menino com a mesma idade e a mãe da menina e do menino viram amor naquela dança. E conduziram-os ao altar, porque os pobres se casam com pobres quanto mais depressa melhor e o amor se faz com o tempo. A mais longa dança. Foi assim que a Menina Cecília se tornou Dona.

Dona Cecília nunca narrou o seu começo como Dona. Inventa parábolas para adocicar a verdade sempre que as suas casadoiras netas a questionam sobre a sua “primeira vez”. Dona Cecília foi feliz com seu marido, com os filhos e a com a casa que ele lhe arranjou e isso é que importa.

Dona Cecília, hoje, só maldiz o vinho que avaria as pessoas e os laços das pessoas, e depois lhes tira a vida a começar pelo fígado. Assim enviuvou.

Dona Cecília é uma mulher robusta. Os anos agravaram-lhe as ancas, as pregas do corpo e do coração. E ela diz que assim se envelhece.

Dona Cecília esforça-se por permanecer nos hábitos da família porque ainda quer. Sabe que é sozinha apenas com a sua história, os seus fantasmas e o seu gato, que está a mudar de pelo outra vez.

Dona Cecília tem 178, 634 ou 10 mil anos de vida. Vai contando aos dias que lhe caiam o cabelo a sua história – «coisas de velha», diz-se a si mesma.

As vezes apetece-lhe gostar da música que o neto ouve, em altos berros, no quarto, apetece-lhe admirar as ideias da filha universitária da vizinha, que se apelida de feminista e troça de todos os homens. Tem vontade, às vezes, de falhar uma missa só para ficar na sua cama quente a olhar para o tecto branco. Tem vontade de expulsar o gato peludo da sua casa. Apetece-lhe insultar os Jeovás que lhe batem à porta – dos quais foge e esconde, como o diabo da cruz. Apetece-lhe fazer coisas que lhe devolvam o sangue às veias e a juventude à alma. Ás vezes. Só às vezes.

Dona Cecília sabe coisas que mais ninguém sabe. Sabe o que é ter fome, frio e desespero. Sabe o que é inveja, solidão e vergonha. Viu coisas que mais ninguém viu. Conhece a falta, o eco e o vagar. Aprendeu o amor, a dependência e o sacrifício.

Dona Cecília conhece o seu futuro e aguarda-o, mais paciente que nunca.

Dona Cecília foi uma muralha, depois uma ilha, e agora é uma folha apaixonada pelo Outono.



José Laura Saavedra

Amor é.


|Amor é nha finca pé|


Amar assim, no fundo de mim,

É mais, mais que demais.

Nada me satisfaz.

Até arder.

Até ao fim.

Um ser faminto.

Um oceano dentro, explodindo

Por mais e mais e mais…

Infinitamente mais.

Tudo o que o Amor for capaz.

Até romper.

Até ao fim.

Habita alto, divino.

Fundo, consumindo.

Gota a gota.

Sopro e sangue.

Choro.

Amante.

Eternamente.

Aperta fundo e profundo.

Dentro e corroendo

Pouco a pouco.

Queimando, louco.

Para sempre.

Amor é tudo. _Amor é nada.

Amor é asas. _Amor é momento.

Amor é sede. _Amor é água.

Amor é mundo. _Amor é alimento.

Amor é corpo. _Amor é alma.

Amor é magia. _Amor é do vento.

Eternamente.

Eternamente._

Amor é finca pé.



1.7.07

ETAR _Estação de Tratamento de Amores Residuais

voltou a acontecer'me. são 1h46 da manhã e depois de comer pão e queijo e de ver | pela "enésima" vez | um episódio da 24h, tenho vontade de ter um blog só pra mim.
e vou servir'me dele como os outros se servem. para despejar. para transformar. para terapeutizar. para tanta merda.
e acho que tá giro o -ETAR. e acho que tá "lame" o -amores residuais. mas eu sou um "gaijo" de amores. muitos deles _inevitavelmente_ residuais. uns tratáveis - outros não. e ámen.
sou um "gaijo" que teve um diário quando era puto. \sim, bichice _eu sei./
sou um tipo perturbado, desequilibrado e apaixonado.
e sirvo'me das palavras como me sirvo do papel higienico.

Ladys and Gents i give you: ME!