25.9.08

Habeas corpus



Hoje quero o teu corpo, mais nada.

Preciso que a tua língua lavre a minha pele.

Hoje preciso que me ames para além das palavras.

(As palavras não têm o teu cheiro. Não escorrem suor.

E só às vezes aquecem por dentro.)

Vem. Caminha como se eu fosse uma duna.

Hoje eu sou o amor inteiro em chamas.

O centro do desassossego do fundo do mar.

Despedaça-me. Para que quero eu um só coração?

Não preciso de um par de mãos vazias

Nem de dois pés que não me defendem da vertigem do voo.

Hoje quero o teu corpo. Contra o meu corpo. Força bruta.

Preciso dessa constrição como desculpa para o movimento de crescer. Hoje.






Frederico M.


Sem comentários: