Somos de natureza contrária.
Um de nós pode destruir o outro, mas só por fora,
uma onda que vem
de muito longe, demora a chegar
à praia, ao sol que soçobra
no lugar onde nós estamos,
entregues, entristecidos. Dentro,
no interstício de silêncio
ameaçado pela despedida, sempre
de despedida ameaçado, nenhum
de nós* será destruído nunca,
a memória da rua com plátanos,
o pólen mordente da primavera,
o cântico dos pardais. Não,
eu não quero esse amor indeciso
que soçobra num frio inebriante:
cada um com o outro tenta conservar
o seu ser, a identidade que sorri
na janela do quarto que fica por fechar.
Joaquim Manuel Magalhães
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* para ti, que crês que te sou igual sempre que te estranho.
4 comentários:
Maravilhoso!!!!!Perder a identidade é perder o nosso suco vital!!!!
Beijo!!!!!
Algumas pessoas nasceram para enfrentar a vida sozinhas, isso não é bom nem mau, é apenas a vida...(Paulo Coelho)
A solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais...
fazes*m falta
Fantástico.
O poema é muito bom!
Mas a dedicatória, acredita, não me vou esquecer...
...que crês que te sou igual sempre que te estranho...
=P
Muito bom!
Parabéns pelo blogue.
Abraço
Oh migo, é que agora não te largo. Quero ver aqui mais coisinhas.
Beijocas
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